sexta-feira, 29 de julho de 2011

Capitulo I

A mulher.

 Ali era frio e úmido, parecia ser sempre noite, apesar de não existir céu havia algo ali que deixava o ambiente levemente claro, e prateado como a luz do luar que não havia.
  O Silencio era absoluto e nada ali respirava, exceto um homem que jazia ali, seus cabelos muito pretos sujos de terra úmida e escura, onde dormia profundamente.  Haviam arvores secas e quebradiças aqui e ali, e uma brisa congelante e suave envolvia o ambiente.
  Um choro  de mulher irrompeu inesperadamente , quebrando o silencio brutal e o homem que estava ali no chão acordou e levantou num pulo, assustado e perdido, olhando a sua volta desesperadamente até que parou, e ficou ali imóvel por alguns segundos olhando hipnotizado para o que parecia ser uma distante construção de pedra da onde vinham os gritos de lamento que ecoavam em seus ouvidos.
  Ele correu por dias, horas, ou , talvez apenas minutos naquela direção, era difícil saber quanto tempo se passava quando só existiam trevas e uma ansiedade imensa dentro do peito. Quanto mais chegava perto maior ficava a suposta casa, e mais ensurdecedor se tornava o pranto vindo dali. Suas entranhas se contorciam de fome, sua boca ja nao salivava e sua garganta não podia estar mais seca de sede, suas pernas pareciam se mover automaticamente para o que parecia ser sua única esperança de descobrir onde estava, como fora parar ali e conseguir alimento e água.
Algum tempo, não muito longo, depois, ele chegou a um grande e solitário castelo feito de grande pedras cinzentas, um lago imenso e cheio de lodo atrapalhava o caminho até ele. Então ele a viu, a porta de entrada, a poucos metros da onde estava tinha uma ponte antiga e estreita que dava acesso ao castelo,  ao se aproximar percebeu que era feita de madeira podre e mal cheirosa. Olhou a sua volta, não havia mais nada ali, alem do castelo o rio e a ponte, não existia outra forma de atravessar o rio, a não ser à nado, mas como não sabia o que encontraria ali naquelas águas escuras e nem a sua profundidade, decidiu arriscar a velha ponte.
  Pisou na primeira madeira e à esse toque o barulho do choro cessou e mergulhou o ambiente novamente em um silencio mortal, então colocou o outro pé a frente do primeiro, e com esse passo a ponte rangeu e balançou precariamente, recobrando o equilíbrio prosseguiu, pisando nas madeiras quebradiças que vez ou outra rachavam e rangiam com o peso, até chegar à outra margem.



  Caminhou em silêncio até a única janela iluminada do castelo e olhou por ela, la dentro nada havia além de uma grande sala vazia, onde candelabros com velas iluminavam as paredes e o chão de pedra fria, onde tinha um tapete vermelho puído.
  Então olhando melhor os detalhes ele percebeu, que ali a um dos cantos, encolhida e vestida em trapos, existia uma mulher, com longos cabelos negros.
  Sem pensar correu até a enorme e pesada porta e bateu muitas vezes até cansar de esperar (o que não levou muito tempo) andou de ré o mais longe que pôde, até bem próximo a margem do rio e correu contra a porta que abriu alguns centímetros, repetiu o ato até que a porta tivesse aberto o suficiente para que ele passasse espremendo o corpo de lado pela fresta.
  Entrou no aposentou, onde a mulher permanecia sentada no mesmo canto, aproximou e disse no tom mais gentil que conseguiu:
- Oi, meu nome é Isac,  o seu? - Ao perceber que era com ela a mulher levantou a cabeça e olhou-o. -
Sua pele era branca como a cera das velas que haviam ali, seus olhos muito verdes e seu olhar tão frio quanto as paredes do castelo, em suas bochechas ainda se viam lágrimas, que escorriam dos seus olhos silenciosas e cintilantes, apesar de tudo, era o rosto mais lindo que ele já vira.


Levantou e começou a andar lentamente em volta de Isac observando-o com olhar perplexo e curioso, como se nunca tivesse visto igual antes, parou à frente dele, e seus olhos claros encontraram os olhos negros dele, e começou a estudar seu rosto de aparência severa, mas com um grande ar gentil, porém preocupado.
- Não devia estar aqui, por que veio? - ela disse.
- Não sei, ora, mal me lembro de onde vim, afinal, que lugar é este?
- Como vou saber? - sua mão tocou a dele, e instantaneamente ele sentiu como era fria, ela levou a mão de Isac até o próprio peito esquerdo onde não existia coração algum a bater.

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